Primeiro: – Este texto tem o objetivo de ensinar ao leitor leigo que ele deve antes de tudo passar em seu médico (consulte-se!) e apenas ensinar ao leitor leigo interessado apenas algumas noções gerais relacionadas ao tema. Logo é para a sua educação geral. Isto aqui nunca, jamais, em tempo algum, vai substituir uma avaliação médica individualizada, de jeito nenhum. E muito menos é recomendação de absolutamente nada. Muito menos serve para reinvindicações trabalhistas, nem previdenciárias e outras situações formais afins; bem entendido. Mas como sei que você é provavelmente um paciente diferenciado ou parente deste, vai compreender isto que estou escrevendo aqui com informalidade, sem dificuldade.
No entanto, se principalmente você ainda sequer tem um provável diagnóstico médico formal, saiba que profissionais de saúde que iniciam terapêuticas sem pelo menos uma avaliação médica inicial cometem erro gravíssimo (você pode ter câncer, metástase, tuberculose de coluna, osteoporose, mieloma, esporões ósseos, reumatismos, aneurismas do abdômem e por aí vai, sem saber antes…). Percebeu, não é?
Então, não faça o mesmo e faça você a sua lição de casa. Marque uma consulta com seu médico, de preferência ao vivo e a cores, presencialmente(!); principalmente se você já tem dor faz um tempo e a dor não está passando.
Entendeu novamente? Importante, isto. Então prossiga, por favor.
Vamos lá. A grande maioria da dores crônicas da coluna vertebral na população em geral é decorrente de espondilodiscoartrose, a qual também é conhecida como a doença degenerativa do disco intervertebral e das articulações facetárias.
A doença pode afetar tanto a região cervical (nuca), como a região atrás do tórax (dorso) e a lombar (região baixa das costas). As dores das articulações sacro-ilíacas não entram nesta classificação, mas são estruturas próximas e podem ter dor também. Sempre é um diagnóstico diferencial que pode confundir os médicos. Então todo cuidado é pouco.
A degeneração articular da coluna vertebral é uma condição muito comum, que afeta inclusive precocemente muitos adultos jovens, porém especialmente manifesta-se à medida que as pessoas envelhecem sobretudo após a quarta década da vida ou até durante também. Na verdade ela faz parte do envelhecimento, mas quando gera dor é uma complicação desta.
Não gosto de indicar exercícios com frequência para os pacientes que estão em uma fase aguda de dor intensa da coluna, com exceção da indicação de duas coisas: da marcha leve (andar normal) a moderada , breve, de dez a 40 minutos, dependendo da intensidade da dor), pois o repouso absoluto prolongado de muitos dias também é prejudicial (causa hipotrofia da musculatura e aumenta o risco de trombose aumentado). E a segunda indicação, fazer alongamentos suaves da região afetada que não aumentem a dor. Conforme a melhora ambos podem progredir paulatinamente, a marcha (andar) e os alongamentos.
O repouso domiciliar relativo em geral é o mais adequado. Habitualmente os pacientes que estão com dores nas costas apresentam uma contratura muscular reflexa de uma intensidade que pode ser leve, mas na maioria das vêzes é bem intensa e gera um desconforto progressivo. Muitos pacientes chegam “tortos” à consulta de tanta dor. Sobretudo os que tem ciática ou dor irradiada em choques e formigamentos do pescoço até a mão ou braço.
Então em geral a recomendação é que os movimentos e atividades que causem aumento do desconforto sejam evitados dentro do possível (carregar crianças inclusive), principalmente evitar a flexão (anterior do tronco) excessiva, levantar, sustentar, carregar pesos excessivos, o que é bastante intuitivo para o paciente. Girar o tronco em flexão (anterior) sustentando pesos é muito ruim para o disco. Aumenta a força de cisalhamento. Qual é a quantidade de peso que se pode carregar? Aquele que não gere dor. Meio óbvio, não?
Porém mesmo assim alguns pacientes mesmo sob forte crise de dor nas costas, e contínua, insistem em continuar certas atividades freneticamente, principalmente alunos de musculação, até mesmo professores de educação física, atletas de várias categorias, sobretudo corredores. Cuidado com agachamento. Precisa mesmo? Eu recomendo aos meus pacientes reduzir ao máximo. Quando pergunto, por quê a pessoa insiste, geralmente ela responde negando o problema: “- É que eu sempre fiz. Então eu não posso parar…”. Bem, uma hora pode ser que precise começar a moderar ou parar um tempo pelo menos. Idem para corrida, mesmo em aparelhos de academia. Bicicleta moderadamente, eu indico aos pacientes, se for compatível com a dor.
Mas sigamos. A redução e moderação da atividade costuma trazer mais benefícios a longo prazo em uma crise forte de dor, considerando que uma gama muito grande de casos de dor extrema da coluna vertebral está relacionada direta ou indiretamente à compressão e/ou deslocamento de raízes nervosas da mesa. A dor intensa pode indicar, dependendo do exame físico do paciente, de sofrimento desta estrutura.
E o sofrimento aumentado de uma raiz neural pode ser bastante deletério para a recuperação dela, bem como o tempo prolongado de sofrimento também sem tratamento adequado, cirúrgico ou não.
TÓPICOS ABAIXO:
- A ATIVIDADE FÍSICA MODERADA COMO TRATAMENTO CONSERVADOR E PREVENÇÃO DE LESÕES
- CORE – O QUE É CORE
- GINÁSTICA NO PÓS-OPERATÓRIO
A ATIVIDADE FÍSICA MODERADA COMO TRATAMENTO CONSERVADOR E PREVENÇÃO DE LESÕES
A atividade física moderada desempenha um papel importante no gerenciamento dessas condições e os avanços recentes no conhecimento têm destacado várias abordagens promissoras:
- Personalização do exercício: A compreensão de que diferentes pacientes podem responder de maneira diferente ao exercício está levando a uma abordagem mais personalizada no desenvolvimento de programas de atividade física. Isso pode incluir a adaptação do tipo, intensidade e duração do exercício com base na condição específica do paciente, seus sintomas, nível de aptidão física e tolerância ao exercício.
- Ênfase na função e mobilidade: Em vez de se concentrar apenas na redução da dor, os novos avanços destacam a importância de melhorar a função e a mobilidade da coluna vertebral, sobretudo na região do core*. Os programas de exercícios agora visam não apenas aliviar os sintomas, mas também restaurar a capacidade do paciente de realizar atividades diárias e manter uma boa qualidade de vida.
- Incorporação de exercícios específicos: Novas pesquisas estão identificando exercícios específicos que podem ser especialmente benéficos para pacientes com espondilodiscoartrose. Isso pode incluir exercícios de fortalecimento do core para estabilizar a coluna vertebral, exercícios de alongamento para melhorar a flexibilidade e exercícios de fortalecimento muscular para melhorar o suporte e a proteção das articulações.
- Abordagens multimodais: A combinação de diferentes modalidades de exercícios, como exercícios aeróbicos, exercícios de resistência, exercícios de flexibilidade e exercícios de equilíbrio, pode proporcionar benefícios abrangentes para os pacientes com espondilodiscoartrose. Abordagens multimodais podem ser mais eficazes na melhoria da função, redução da dor e melhoria da qualidade de vida.
- Ênfase na educação e autocuidado: Avanços recentes reconhecem a importância da educação do paciente sobre sua condição e a promoção do autocuidado. Os pacientes são incentivados a assumir um papel ativo no gerenciamento de sua condição, aprendendo sobre os benefícios do exercício, técnicas de postura adequada, estratégias de manejo da dor e outras medidas de autocuidado.
- Monitoramento e feedback: O uso de tecnologias wearable e aplicativos de smartphone está permitindo o monitoramento contínuo da atividade física dos pacientes, fornecendo feedback em tempo real e motivando os pacientes a manterem um estilo de vida ativo.
Esses avanços estão mudando a maneira como os profissionais de saúde abordam o papel da atividade física no gerenciamento da espondilodiscoartrose, com uma ênfase crescente na personalização do exercício, melhoria da função e mobilidade, educação do paciente e uso de tecnologias para monitoramento e feedback.
CORE – MAS O QUE É O CORE?
O “core” é uma palavra em inglês que significa “núcleo” ou “centro”.”Core” não é uma sigla, mas sim uma palavra que descreve a área central do corpo humano, que inclui os músculos abdominais, os músculos do assoalho pélvico, os músculos lombares, os músculos do quadril e, às vezes, os músculos das coxas.
Na ginástica de modo geral, na educação física, fisioterapia e em muitas outras disciplinas relacionadas ao exercício físico e saúde, o termo “core” é usado para se referir aos músculos do tronco e da pelve que estão localizados na região central do corpo.
Fortalecer o core é fundamental para manter a estabilidade e o equilíbrio, prevenir lesões e melhorar o desempenho em uma variedade de atividades físicas. Quando os músculos do core são fracos ou desequilibrados, isso pode levar a problemas de postura, dores nas costas, lesões, comprometimento do desempenho atlético e até mesmo a temida instabilidade. Inclusive nesta última condição se sobressaem muitas indicações cirúrgicas, geralmente associadas a alguma complicação geradora de dor intensa: hérnias de disco, protrusões, estenoses de canal e listeses.
Portanto, ao se referir ao “core”, estamos nos referindo a essa região central do corpo que desempenha um papel fundamental na estabilização, suporte e movimento do tronco, pelve e quadril.
- GINÁSTICA NO PÓS-OPERATÓRIO